Um dia
encontrei-me em pé, frente a frente ao abismo. Não sabia com muita certeza se
iria pular, mas de uma coisa eu tinha certeza: era o que a escuridão dentro de
mim mandava-me fazer. Eu adorava aquele lugar, não sabia com muita certeza o porquê,
mas sabia que quando estava ali me sentia em paz. Era uma sensação incrível que
crescia dentro de mim, uma sensação de aconchego. Já era por volta das 14h00min
– o mesmo horário que ia todos os dias. Visitava aquele abismo todos os dias,
exatamente às 14h00min. Eu passava horas e horas lá, observando aquele profundo
escuro; decidindo o que fazer: pular ou não pular.
Minha mãe
já nem se preocupava mais quando passava a tarde inteira fora de casa, ela já
sabia onde eu estava, denominava as minhas visitas ao abismo como “ritual”, já
que eu ia lá todos os dias na mesma hora. Claro que, como toda mãe, fazia todo
aquele discurso sobre proteção, mas eu já nem ouvia mais, e ela sabia disso
muito bem.
Todas as
noites eu ficava observando a Lua, era incrivelmente linda. Sempre a adorei,
muito bela e brilhante não importando as circunstâncias ela estava sempre ali,
brilhando. Estranho, mas eu sempre quis me tornar uma estrela, a mais brilhante
delas pra ser um pouco mais sincera. Sempre sonhei em ser o segundo astro mais
brilhante da noite – em primeiro a Lua, claro. Só que não sei se após a morte
eu viraria uma estrela ou... Ou somente mais um corpo enterrado em baixo da
terra. Mas não custava tentar.
Pulei.
Pulei e o
abismo me acolheu como ninguém. Finalmente a escuridão dentro de mim desapareceu.
Desapareceu tanto que virei Abismo de Mim.
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