"Pessoalmente, começo a achar que a morte é, acima de tudo, uma questão de opinião." Anne Fortier, Julieta
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Eu sou como um trem velho
Sou como um trem. Um trem de carga desgovernado prestes à sair dos trilhos. Um trem que carrega muito mais coisa dentro de si do que pode suportar. Mas suporta, e suporta tudo com muita elegância. Faz todo mundo não-ver que as rodas estão quase saindo das orbitas por causa do excesso de peso. O trem, de tão gasto, está com a pintura descascando. O trem, por ter sido substituído por automóveis melhores, espaçosos e aconchegantes, esqueceu-se até do próprio valor. Mas continua, mesmo não tendo nenhum passageiro, mesmo não tendo ninguém à bordo, correndo sob os trilhos tortos que é a vida, com um porre de sentimentos amontoados dentro de si, com a esperança de que os trilhos não tenham fim, de que continuem e continuem, até pararem em uma cidade, onde um trem velho e enferrujado possa fazer diferença na vida de alguém.
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