quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"Dizem que quando tudo começa a dar certo é porque o fim está próximo. Acho que descobri porque minha vida está tão boa..."

- Amanda Dias

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"Eu perdi o raciocínio. Ainda existe alguém vivo por aí?"
"Ninguém fala de amor, e sexo é banal; eu tenho quinze anos e não tenho alma."
"Já não sei mais se é a miopia que me cega, ou se é a vida que se tornou esse embaçado todo. "

Sobre domingos, nostalgia e você

O Sol escaldava mentes lá fora, derretia sorvetes, queimava peles, matava os loucos. Em casa fazia 15 graus e as janelas estavam fechadas há mais de três dias. Eu folheei o álbum de fotografias que outrora jazia esquecido no fundo da minha gaveta -e veja só, eu acabara de revelar as fotos e montá-lo- e deixei um sorriso escapar por entre os lábios-escarlate já petrificados de tanta saudades dos teus. Seria possível? Nunca ao menos se tocaram. O som do piano no quarto ao lado inebriava minha mente, entorpecia meus sentidos, mas ainda assim a minha boca gritava teu nome. Eu bati a cabeça na parede e sacudi os miolos que nunca sequer funcionaram direito. A nostalgia de domingo sempre foi muita pra minha pouca sanidade.

Pietra Falseti.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eu só queria não chorar hoje, Desabafo secreto.

"Ontem eu chorei. Chorei porque minha alma estava imunda e pesada. Chorei porque todo o meu corpo doía de um modo que afetava minha cabeça. Chorei porque queria fugir e não tinha para onde ir. Sim, eu quis sumir. Quis cavar um buraco no chão do meu quarto e ficar lá, quietinha. Quis me jogar na cama e dormir, dormir por três meses. Dormir salva, e às vezes adia; adia a dor. E eu chorei. Chorei porque a dor toma as pontas do meu mundo todos os dias. Chorei porque estou cansada fisicamente e psicologicamente. Chorei porque a minha dor não é a maior de todas, mas parece tão grande. Chorei, e chorei mesmo. Depois dormi. No sono pesado feito chumbo não havia sonhos. Eu só queria alguém para vencer comigo esses dias terrivelmente longos. Ou, eu apenas queria ter força para vencê-los só. Eu sou uma pessoa forte, entende? Mas eu não sou de ferro. Eu não sou de aço, de metal, de vidro, de bronze. Eu não sou dura o suficiente. Meus pilares estão ruindo pouco a pouco, e eu estou desabando. Não quero alcançar o chão. Não quero me perder em queda livre. Não quero cair. Você me segura? Me carrega no colo, me nina, me embala, estou precisando de proteção, estou me sentindo tão pequena, como uma formiguinha. Eu não gosto de me sentir frágil, mas eu sou tão frágil. Oh, meu Deus, como eu sou frágil, e como está doendo tanto. Quero chorar hoje também, e como quero, mas vai doer. Não quero que doa. Quero me sentir leve e carregar menos o mundo nas costas. Quem é que colocou o mundo dentro da minha mochila? Tira. Tira, por favor. Meu semblante está ficando pesado e minha visão turva. Não consigo mais enxergar o bom, o bonito. Por quê tudo é tão preto e branco? Eu gosto de arco-íris, de flores, de cores, de cheiros. Tudo sumiu. Me ajuda a procurar? Me ajuda a me achar? Eu estranhamente me perdi. Eu me quero de volta. Eu estou tão fria, olhe. Me toca, me esquenta, por favor. Eu gosto do silêncio, mas eu quero o barulho agora. Eu gosto do escuro, mas eu quero a luz. Seja minha luz. Me salve, me jogue boias, nade comigo, me tira dessa areia movediça em que eu me afundo cada vez mais. Estou chorando. Estou com medo. Eu falo e só ouço o eco de minha voz. Quero outros sons, você me entende? Me entenda, por favor. Eu te suplico; me tira daqui. Está tão frio como neve e tão escuro como breu. Não quero mais ficar só nem me sentir só. Tudo isso só porque ontem eu chorei. Por que eu chorei? Eu não queria chorar, mas as lágrimas tomaram controle de mim. Eu estou no piloto-automático, eu sinto isso. Eu tenho medo do piloto-automático, ele é tão… tão frio. Eu sou fria feito cadáver, está vendo? Quero ser quentinha. Mas eu já te disse isso. Quero chorar. Não. Eu não posso chorar. Quero ser forte, só mais um pouquinho, porque se eu for forte mais um pouquinho, talvez eu consiga enxergar as estrelas no céu. A Lua também. Quero ver a Lua também. Quero um telescópio e ver todos os planetas. Será que algum deles me abrigaria? Porque às vezes sinto que não sou daqui. Eu estou frequentemente fora de sintonia, e eu estou tendo uns dias difíceis. Estou fora de órbita. Você não vê, mas estou fora de órbita. Me põe no lugar? Sofri um deslocamento, e sinto que a qualquer momento algo se romperá dentro de mim. Você não vê, mas é uma batalha dentro de mim. Chove mais em mim do que lá fora. Acontece tempestades mais em mim do que em qualquer lugar do mundo. Eu só queria que o Sol brilhasse uma vez por aqui. Eu só queria não chorar hoje."
"Eu só queria não chorar hoje."
"Acontece tempestades mais em mim do que em qualquer lugar do mundo."
"Você não vê, mas há uma batalha dentro de mim."
"Quero um telescópio e ver todos os planetas. Será que algum deles me abrigaria? Porque às vezes sinto que não sou daqui. Eu estou frequentemente fora de sintonia, e eu estou tendo uns dias difíceis. Estou fora de órbita."
" Então chorei e a cada lagrima que escorria pela minha face, era como se um pedaço da minha dor estivesse indo embora. "
“O ar estava com cheiro de lembranças.”
— Guimarães Rosa
"Saudade é bonita só na poesia"
"When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face" ♪
"Mas queria que você entendesse os meus poços escuros, os meus becos, que me fazem mergulhar em silêncios às vezes longos.”

— Caio Fernando Abreu
“Algumas pessoas não sabem o que dizem. O Beija flor não é um pássaro comum. Sua frequência cardíaca é de 120 batidas por minuto. Suas asas batem 80 vezes por segundo. Se você segurasse um beija flor e impedisse ele de bater as suas asas ele morreria em menos de 10 segundos. Ele definitivamente não é um passaro qualquer! E isso é um verdadeiro milagre! Uma vez observaram através de uma camera lenta o bater das asas de um beija flor, sabe o que eles viram? As extremidades das asas se movem fazendo o numero 8 no ar; Sabe do que o numero 8 é simbolo matemático? Infinito!”

— O Curioso Caso de Benjamin Button.
"Morrer de amor é bonito."
"E dói mais lá para o fim da noite, quando o céu já está encrustado de estrelas."
"Não chove lá fora, mas chove torrencialmente dentro de mim."
"Quero chorar. Chorar, sumir, desaparecer, viajar sem destino, cortar laços."
"Quero um zíper nas costas para poder sair de mim quando as coisas aqui dentro estiverem assim, doídas e bagunçadas, sabe?"
"É impressão minha ou os dias se alongaram de repente?"
"Eu não sou esse mar de alegrias que você vê todo dia passar. Eu sou dor. Meu Deus, eu sou a própria dor. Não dá pra saber como eu ainda não enlouqueci. Talvez eu tenha enlouquecido e não saiba. Talvez eu saiba."

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Sinceramente? Eu não sei da onde estou tirando forças para aguentar isso tudo."
"Daí eu sinto aquela velha sensação de estar tão sozinha, mesmo com tanta gente do lado."

Eu sou como um trem velho

Sou como um trem. Um trem de carga desgovernado prestes à sair dos trilhos. Um trem que carrega muito mais coisa dentro de si do que pode suportar. Mas suporta, e suporta tudo com muita elegância. Faz todo mundo não-ver que as rodas estão quase saindo das orbitas por causa do excesso de peso. O trem, de tão gasto, está com a pintura descascando. O trem, por ter sido substituído por automóveis melhores, espaçosos e aconchegantes, esqueceu-se até do próprio valor. Mas continua, mesmo não tendo nenhum passageiro, mesmo não tendo ninguém à bordo, correndo sob os trilhos tortos que é a vida, com um porre de sentimentos amontoados dentro de si, com a esperança de que os trilhos não tenham fim, de que continuem e continuem, até pararem em uma cidade, onde um trem velho e enferrujado possa fazer diferença na vida de alguém.

Quero um zíper nas costas para poder sair de mim quando as coisas aqui dentro estiverem assim, doídas e bagunçadas, sabe?

É impressão minha ou os dias se alongaram de repente? Não chove lá fora, mas chove torrencialmente dentro de mim. Eu gosto da chuva, mas eu quero o Sol. Cadê o Sol? Eu sei, eu sei, eu vivo saindo dos trilhos e metendo os pés pelas mãos. Eu vivo me escondendo e fugindo do calor. Eu sei que sou uma bagunça e um caos ambulante. Eu sei de tudo isso. Sei também que minha cabeça chegou num ponto de estar em cronometragem para explodir. Estou em cacos, você pode ver? Quero me remontar mas, olha, está superdifícil. Superdifícil porque todos os dias eu tenho que enfrentar monstros e correr maratonas para estar dentro dos conformes e no melhor possível. Vou te dizer, não estou no meu melhor possível. Nem no meu melhor impossível, se quer saber; muito menos nesse, na verdade. Estou tendo uns dias difíceis, uns dias chatos. Eu sei, você já sabe disso. Mas você não sabe que minha vida é uma guerra medieval em que sou petulantemente obrigada a usar armadura e me defender sem ao menos saber me cuidar. Eu não sei me cuidar. Cuida de mim? Eu sou forte, mas tem hora que dói tanto. E dói mais lá para o fim da noite, quando o céu já está encrustado de estrelas. Eu gosto de estrelas. Você gosta de estrelas? Eu sei, estou perdendo o foco e saindo do assunto, mas é que estrelas são tão belas, não são? Não franza a testa de tal maneira. Preciso de encorajamento nessa hora. Preciso de um abraço forte e longo para me dar segurança. Sabe o que é? É que está doendo, e é tanta dor que eu não sei da onde mais arranjar forças para segurar a barra. Empresta seu peito? Essa dor não está cabendo só no meu. Por que dói tanto? Parece que levei uma surra. Devo ter levado, e deve ter sido da vida. Só queria sorrir. Sorrir e pôr meu coração em todos os sorrisos. Mas, invés de meu coração, coloco meu medo neles. Estou com medo, não te disse não? Medo de me perder e perder mais alguém. Eu perco tudo. Por que eu perco tudo? Ninguém fica, nada permanece. Acham que eu sou um aeroporto. Eu não quero ser um aeroporto. Eu quero ser casa, quero que morem em mim, que durmam em mim, que fiquem em mim. Por que se vão? Fica também. Estou precisando de sorrisos, de vozes, de calor. Lembra que eu te disse que fujo do calor? Não quero mais fugir dele. Por que dói tanto? Quero chorar. Chorar, sumir, desaparecer, viajar sem destino, cortar laços. Queria recomeçar do zero, mas o zero é um número tão só. Não quero mais me sentir só. Quero um zíper nas costas para poder sair de mim quando as coisas aqui dentro estiverem assim, doídas e bagunçadas, sabe? Não, você não sabe. Olha pra mim e me diz o que vê. Você não me vê, não é? Porque eu não sou essa materialização mais errada de mim. Eu não sou esse mar de alegrias que você vê todo dia passar. Eu sou dor. Meu Deus, eu sou a própria dor. Não dá pra saber como eu ainda não enlouqueci. Talvez eu tenha enlouquecido e não saiba. Talvez eu saiba. Você sabe? Sabe nada. Você nem reparou nos sintomas. Me compare com a rosa, se preferir. Ela precisa de orvalho e Sol para viver. Eu preciso da felicidade. Cadê a felicidade? Me diz. Ela tem casa? Apartamento? Mora num trailer? Eu preciso ter uma prosa com ela. Eu preciso apontar o dedo na cara dela e dizer belas verdades. Eu preciso dela. Eu preciso de mim. Eu preciso sair desse poço em que eu estou. Eu preciso escalar esse pico altíssimo para ter o sossego do bosque lá em cima. Eu sei que eu preciso ter fé e coragem, muita coragem. Eu também sei que depois dessa ponte de cordas e tábuas errantes tem um campo florido com todas as flores imagináveis me esperando. Eu sei que eu não posso parar agora, nem desistir e nem me cansar. Mas sozinha não dá. Falei isso mil vezes: sozinha não dá. Pareceu que o céu, em todas as mil vezes, sorriu pra mim. E então eu soube que não estava sozinha. Que eu não deveria ter medo de virar a esquina e nem do que poderia encontrar ao virá-la. Foi então que eu soube que a dor é grande, mas a recompensa é maior. Que demora pra passar, mas que passa, e que faria um bem danado quando passasse. Sorri pro céu. O Sol saiu. Lembra que eu disse que queria o Sol? Ele veio. Ele chegou. Estou tomando o rumo certo agora, eu acho. Eu acho não, que a vida não pode ser feita de “acho”. Eu tenho certeza que agora o certo aparece e o bom vem. Me deseje sorte.
“Eram os dias que não passaram que a alucinavam. O não acontecer das coisas, dos dias, das pessoas, dos ponteiros e dos pintores. Era isso que a tirava a paz e a jogava no buraco de escolhas mortas, de livros sem conteúdo prático e de homens-meninos patéticos. Era também a falta de ser, de não ter pra onde ir, de nunca chegar porque o caminho é o ontem, e quando ela teimava em morrer ontem, o amanhã não nasceria até que recebesse uma resposta. Às vezes vinha num bilhete amassado “Eu não posso escolher entre você e ela, mas quero tua escolha em mim.” Ou vinha em e-mail numa mensagem instantânea “Eu escolho ela, não posso ser teu hoje.” E o teto cobria sua cabeça, os raios a partiam em partículas que vaporavam em segundos, o coração cabia numa caixa 3x4, o céu se perdia e não chorava nas semanas seguintes. Então Nane se fazia rotina, assim perecendo com ela, não ouvia música, não pichava paredes, não ouvia jazz, não citava nomes,não chorava ao acordar, não sorria ao dormir. Não escrevia na porta de casa, nem bebia cerveja sem álcool. O agrado mesmo era a varanda suja de terra, as roupas penduradas no telhado, a nuca recebendo o vento frio, o cabelo que não tocava no ombro, os olhos fadados a chorar por quem não chegaria, os dedos congelados pela neblina e uma alma que nunca seria sua. Ela mal sabia, mas ela só era mais uma a não dar certo, só mais uma a não ser de ninguém. Nane era só mais uma, ou uma eterna tentativa de não ser.”

— Hélida Carvalho, Olhos de vidro que refletem o mundo, mas não focalizam ninguém. Nane é apelido VII.
“Pela primeira vez na minha vida eu senti medo; não de aranha, não de barata, não do escuro. Eu senti medo de me afundar nesse buraco escuro e lodoso. Senti medo das minhas forças se esvair e eu ficar impotente. Senti medo porque, ao olhar para você, minhas pernas fraquejavam de tal maneira que chegava a ser ridículo. Senti medo de ficar louca, de perder a cabeça, de pirar. Senti medo de você, acima de tudo. Talvez você nem fosse o bicho papão que eu pensava que era; mas o que eu sentia por você, e sinto, aliás, era medonho e amedrontador. De repente, mandei todos os anti-corpos de mim à luta; eu estava com medo, não queria ser ferida, não queria que ultrapassasse a minha muralha, os meus muros, minhas barreiras. Senti medo porque, no auge de toda a minha insanidade, você chegou como um barulho bom. E é o pensamento em você que quebra o silêncio dos meus dias terrivelmente chatos. Digo, eu tenho estado tão à margem do rio, tão confusa, tão distraída, mas sempre pensei em você; sempre penso em você. Tu me vens às 18h00, às 20h00, às 02h00, em sonhos, em pensamentos ligeiros, em visões alucinógenas, em forma de cheiros, em sensação de toque, de tudo quanto é maneira tu me vens. Chega, me toma, me tens, me pede, me perde, me ganha. Daí percebo que nesse deserto de almas, talvez você seja a minha. Talvez eu te conheça à anos-luz; porque é assim que me sinto, como se nos conhecêssemos à anos, vidas passadas talvez. E é desses bocadinhos de que me completo, sem exigências, sem urgências; te tenho, e sinto que me tens. Me tem sim, de todas as formas possíveis. E me ocorre que não poderia ser de outra maneira, porque o estranho seria se eu não me apaixonasse por você. Pronto, disse! Eu amo você. Me apaixono todos os corriqueiros dias por esse mesmo sorriso malicioso no canto desses teus lábios finos e curvados. Digo, não há ninguém nesse mundo que pode ter um cílios tão longo, um queixo dessa estatura, quadrado, meio redondo; talvez tenha, mas tudo isso é seu. E eu me sinto até mais leve de poder dizer em alto e em bom som, sem negar, sem pestanejar, arquejar, questionar, que te amo, que te quero, e que gosto de você exatamente assim, do jeitinho que é, de cabelo desalinhado, suando, gritando, de mau-humor, de cara feia, de nariz arrebitado, de olhos safados. E, talvez, por ser esse gelo e fogo dentro de mim, eu te ame tanto. Droga! Eu te amo tanto. Por isso, não seja burro. Não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Não me deixe ir. Não me perca, e não se perca de mim. Marque o caminho, meu endereço, meu sorriso; mas não se perca de mim. Pela primeira vez na minha vida eu senti um medo descomunal, e você sorriu. Você sorriu e, consequentemente, pela primeira vez, foi como se eu fosse capaz de tudo. Por isso, não se vá. Estou em plena queda livre, e coloquei um bocado de esperança de que, lá embaixo, você me segura. Me segura? Segura sim. Aperta forte, não me deixa escapar (nem me machucar). Me nana, me nina, me balança, me envolve, fica; tem espaço na casa e no coração. Apenas não se perca de mim.”

— Snuff and Night, Anne.

domingo, 2 de setembro de 2012

Você me prometeu a eternidade

 Você uma vez me disse João, que continuaria comigo para sempre. E nem a morte, nem nada nos separaria, que viveríamos juntos pela eternidade. Mas você estava errado, meu querido. Nós nos separamos. Você me deixou. Talvez não porque queria, mas foi preciso. É claro que, até hoje, continuo a visitar a estação ferroviária onde nos separamos. Sabe, às vezes, meu bem, lembrar de tudo o que aconteceu naquele momento me traz uma sensação gostosa.

“Eu sempre lhe amei, Amélia. E sempre lhe amarei, não será essa viagem para longe que irá nos separar. Ficaremos juntos pela eternidade. Lembre-se disso.” Você disse ao me olhar profundamente, como se soubesse o que eu precisava ouvir. Gostaria de poder acreditar em suas palavras, quando me disse que ficaríamos juntos para sempre, mas é difícil, devido às circunstâncias.

“Encontre-me aqui, às 9h da manhã, meu amor.” Você me disse, mas quando fui lhe perguntar a data do nosso encontro, o trem partiu, e não consegui obter resposta. Sabe, você poderia ter me deixado algum contato, mas partiu e eu fiquei sem nada. Após o dia de nossa separação, fui todos os dias, na estação ferroviária às 9h da manhã, para ver se o encontrava por lá, mas você nunca estava. Durante um longo tempo eu continuei a ir lá, mas hoje eu desisti, pois percebi que você jamais viria e eu precisava seguir minha vida.

Espero, sinceramente, que você ainda se lembre de mim, dos momentos felizes que passamos juntos e que todas as palavras que você me disse tenham sido sinceras. Mas espero, acima de tudo, que lembre do que sentiu ao pronunciar as palavras “ficaremos juntos pela eternidade”, pois só dessa forma viveremos eternamente juntos em nossa memória, e acima de tudo, em nossos corações.


Amanda Dias, 02 de setembro de 2012