quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A bailarina



Como devem imaginar, sempre fui uma bailarina muito depressiva... Minha vida toda foi um sacrifício, desde meu nascimento... Até agora.

Primeiramente, tudo começou há vários anos, quando minha imbecil mãe resolveu aventurar-se com um canalha que encontrou na boate onde trabalhava (se é que me entende...). Não muito tempo depois descobriu a gravidez, mas para minha infelicidade não socorreu ao aborto.

Pois bem, a partir daí não demorou muito pra ela cair na real que gravidez é perigoso. Mas não mudou seus hábitos, continuou na prostituição e no álcool. Cigarros então eram seus companheiros desde sempre. Embora sempre fosse parar no hospital por riscos de vida, nunca mudou, passou a gravidez inteira como se nunca estivesse grávida. Após o meu nascimento, ela não mudou completamente nada. Tive que começar a trabalhar cedo para poder me sustentar, já que ela não fazia por onde. A minha vida inteira vivi de esmolas, me criei sozinha, aprendendo com a vida, mas também com a ajuda de alguns poucos conhecidos.

Aos meus quinze anos de idade consegui entrar para o Ballet. Nunca tive nada ganhado, foi tudo sempre muito suado para conseguir, e com o Ballet não seria diferente. Passava horas e horas olhando as estrelas e a lua, que sempre brilhava intensamente. Sempre tive uma tamanha inveja da lua, sempre brilhante, não importava as circunstâncias, mantinha seu brilho sempre intenso.

Foram anos e anos de conquista até aqui, mas sabe o que eu realmente ganho com isso? Nada. Pois é, nunca ganhei nada em troca. A vida sempre judiou muito de mim, e sinceramente, isso cansa. Chega uma hora em que você desiste de tudo. Pois bem, minha hora chegou, e eu sabia o que tinha que fazer.

Amanda Dias

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